Li um poema digno do nome que me escoou pelos olhos -- fui até procurar um sinônimo que soasse melhor o vazar das lágrimas, para fazer jus ao poema. Ou ao poeta; no fim, são o mesmo. Era sobre o desdobrar da arte em justaposição à natureza, mas quem desdobra a arte ou se desdobra; se dobra é o artista. Havia lido um poema tão ruim antes, que nem pediu profusões que me lembrou minha fragilidade e falta de maestria com os relacionamentos familiares e amorosos das palavras que quanto mais tento entender, quanto mais tenta me ensinar- retratos familiares me dão medo. Li em algum lugar que o falar sobre a poesia já está batido. Minha existência também estará e é pouco provável que minhas divagações em um quarto mal iluminado tenham algum valor. Mas a vida não foi feita, foi só projetada, aumentada; e este agora é só uma formiga que que acabou de morrer e desapareceu na grama: uma obra de arte. Li um poema digno do nome que falou da natureza -- até a morta -- de um jeito que talvez por palavras não entenderiam os pássaros ou as moscas ou até as baratas, mas nem terminei de ler para vir registrar a visão que às vezes dispensa revelações ou não achava o vinagre, foi tarde demais e tudo virou um breu.

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